sábado, 3 de julho de 2010

MINHA AVÓ CHAMAVA ROSA



VOVÓ ROSA - NASCIDA EM 03/04/1900

Adoro esta foto dela, novinha cercada por rosas brancas, foto do inicio do século passado.
Não sabemos como somos felizes hoje por poder preservar em foto, vídeos, DVDs, cada sorriso de nossos filhos, pais, avós, amigos, namorados, cada momento de emoção, cada bobagem que nos dá na cabeça clicar.
Tenho poucas fotos da vovó Rosa, da vó Zezé, acho que nenhuma, nem do Vô Inácio, até do meu pai são só algumas.
Eu menina e adolescente, também tenho poucas.
Mas este post é sobre minha vó Rosa, e não sobre fotos.
Vovó era especial, contraditóriamente doce e enérgica, vaidosa e humilde.
Ninguém cozinhava ou cozinhará como ela.
Do nada fazia um bolinho, pra tomar com chá nas tardes da minha infância.
Bolinho de chuva.
Até a maçã que ela me dava ao passar pelas suas mãos amorosas ficava mais gostosa.
Era toda Amor, sem ser dengosa, dava broncas amorosamente, falava sério, puxava o cabelo pra fazer trancinha, ficava com os olhos azuis ou verdes marejados de lágrimas por qualquer coisa. Tinha uma atitude forte e dura diante da vida, e era tão frágil e doce por dentro.
Adivinhava nossas vontades, tinha sempre uma balinha, um sorriso.
Usava diariamente meias finas, rede no cabelo grisalho, cheirinho de alfazema, cilion nos olhos,sabonete Phebo.
Só ia a médico homeopata, tinha fé, ia menos a missa,nunca a vi rezar. Acho que já tinha um pacto com Deus, quem amava as pessoas daquele jeito tão especial não precisava rezar.
Escutava radio, deitadinha na cama. Fazia crochê, um monte de quadradinhos.
Ensinou pra mim com paciencia, os primeiros pontos, aquela trancinha comprida que não acabava mais...
Estava sempre aberta a porta da casa, e a mesa sempre posta pra mais uma visita, que não paravam de chegar: vizinhos,amigos, parentes de fora - todos queriam estar ao seu lado e poder usufruir da sua comida e dos seus conselhos.
Como senti a sua morte, ou melhor, quando ela morreu pra mim - ela ficou mais de um ano no hospital e eu nunca ia visita-la, doía demais - então, me lembro do dia em que voltando do cursinho de inglês pela manhã, soube que iríamos correndo à Minas.
Vovó na véspera tinha ido de ônibus levar minha prima Odila, que passara as férias conosco, no caminho o onibus quebrou, ela ficou nervosa, teve um AVC.
O coração forte demorou a parar mas naquele dia,mais de um ano antes, eu perdi a minha vó, e pela primeira vez sofri de verdade uma perda, como até hoje, uns trinta e tantos anos depois, ainda não tive igual.

Um comentário:

  1. Poxa Regina, muito lindo esse seu amor e relacionamento com sua avó. Pouco me lembro da D. Rosa. Nenhum dos meus avós chegou nem perto da sua Vó Rosa. Coisa boa! Gostaria de ter tido isso.Beijo!

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