sexta-feira, 30 de julho de 2010

Na companhia dos sons da janela do meu quarto



Três dias deitada no meu quarto, dia e noite.
A cama está macia e quente, o endredom cobre o frio da febre.
Ao meu lado, só meu fiel guardião, Nyck. Cão atento e preocupado.
Não se descuida um só instante.
Se me viro, se tusso, se me descubro, se quase o derrubo, pacientemente volta a posição de guarda, tristonho.
Ler dá dor de cabeça, escutar TV então nem pensar...
Ouço os sons da rua.
Crianças brincam num play.Burburinho, gritos, risos.
Buzinas lá na Barata Ribeiro, buzinas que deveriam anunciar perigo, só denunciam pessoas estressadas, na pressa insensata dos desocupados.
Pessoas falam nos apartamentos próximos, bebes choram, casais brigam, cachorros latem, portas batem, janelas se abrem e se fecham,telefones e campainhas insistentes.
Nas janelas quietas, perdidas nas cidades pequenas, quando um pequeno barulho corta o breu da noite, a gente se assusta.Pode ser um gato no cio, pode ser o vento nas árvores, as gotas de chuva, tudo desperta uma emoção.
Mas nas calejadas janelas das grandes cidades,são tantos os sons misturados,todos se sobrepõe e nenhum incomoda mais: se a criança chora, se o casal briga, se o carro freia, se a ambulância passa, se a porta bate com força, se alguém geme de dor.
Ah! Tenho também a companhia de um pequeno beija-flor.
Bate as asinhas depressa despertando a gata que pula no parapeito.
Sim,a gata também está na cama, finge que nem é com ela, mas também estranha a falta de movimento da casa.
Três dias de cama.
Febril.Enjoada.
Não tem melhor lugar no mundo. Puxo a coberta. Durmo.

Um comentário:

  1. Imprescindível fortalecer o organismo pois com essas mudanças climáticas ....

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