quarta-feira, 30 de junho de 2010

Porque rezar?



Pai Nosso cantada por Nando Cordel no 3º Congresso Espírita Brasileiro

Cresci num berço religioso com certeza. Papai rezava muito, quando digo muito, é muito mesmo!
Papai tinha um verdadeiro altar em seu quarto onde ele se postava de pé todas as manhãs e rezava uma reza tão comprida quanto ininteligível.
Cresci achando que não precisava rezar, aquela reza toda já era suficiente para ele e para nós até a quarta geração!
Vovó Zezé era católica, mineira, de seguir a procissão de joelhos, de ter aprendido a ler pelo missal, de rezar um terço para cada filho antes de dormir (eram uns 15!)e ter retrato do Papa em cima da TV.
Do lado da mamãe, vinham a umbanda, o espiritismo, apesar dela ter estudado em colégio de freiras, meus padrinhos de batismo, Tio Durval e Tia Drina, tinham um centro espírita, as reuniões eram feitas de casa em casa, num grupo pequeno, sem organização certa, só muito amor e caridade feitas pelo Pai Domingos (entidade recebido pelo Tio Durval)e outras entidades da mesma família.
De quando em vez, estas reuniões eram feitas na minha casa, e eu criança assustada, não participava, só ouvia do quarto os cheiros, as canções, as palavras estranhas.
Definitivamente, a religião não me tocava.Pedi pra não fazer a primeira comunhão, colocava a língua pro padre na hora da missa, e na hora de confessar disse ao padre que não tinha pecados (e não os tinha mesmo aos dez anos!).
Virei comunista, marxista, trotkista na faculdade, claro!
Mas eu também tinha uns troços estranhos, intuições, sonhos, fui pra yoga, estudei parapsicologia, chorava do nada, até mamãe fazer um "trabalho" para afastar manifestações até eu me formar.
Continuei afastada da religião, mas gostava de tarô, numerologia, astrologia, exoterismos em geral.
Numa fase da minha vida, jogava tarô e acertava, as pessoas pediam e eu jogava e acertava, outras chegavam a implorar pelas minhas "adivinhações", algumas coisas eram tão "intuitivas" que até assustavam a mim mesma.
Demorei um bocado pra me re-ligar.
Fazem uns cinco anos que sou Espírita.
Faz pouco tempo que aprendi a rezar.
Não por medo, sem confiança, como fazia meu pai.
Não por falta de conhecimento,e simploriedade como fazia minha vó.
Rezo, como quem fala consigo, com uma fé inabalável, com o coração tranquilo, com uma certeza de que o tempo de agradecer, crescer, revelar chegou.
Muitos mistérios, muitos caminhos, tão pequenino somos.
Só não tenho nem mais medos, nem mais dúvidas.
Por isso rezo, e agradeço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário