sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CARTA DE ENCERRAMENTO DO ESTUDO DO ESE


O estudo do Evangelho segundo o Espiritismo, estava me deixando ansiosa, afinal, eu nada sabia da vida de Cristo, nada sabia sobre religião, nem mesmo o básico de evangelização, aquele beabá antes da Primeira Comunhão.
Sempre tentei, desde criança me afastar das religiões que me cercavam: catolicismo e umbanda.
Minha avó mineira, por parte de pai,era muito católica, aprendeu a ler pelo seu livro de missa, rezava um terço para cada filho antes de dormir, imaginem que eram dezesseis...
Minha mãe, embora tenha estudado em colégio de freiras, por conta, acho eu, de uma doença grave em família, minha tia morreu de câncer aos 24 anos, se aproximou de uma família espírita umbandista, não havia Centros e as sessões eram feitas nas casas das famílias amigas, isto incluía a minha casa também.
Então da infância tenho estas poucos lembranças religiosas misturadas: procissão com velas pelas pequenas cidades mineiras, vovó de joelhos rezando infinitamente, cheiro de alfazema e benjoim na defumação preparando a casa e meu padrinho falando de forma estranha, coisas que eu não compreendia e preferia ficar no quarto.
Sim, o Pai de Santo, o médium que recebia o “chefe espiritual” daquelas sessões era meu padrinho de batismo. Confusão na minha cabecinha, que sem saber em que acreditar preferiu se abstrair nos livros e acreditar mesmo em Monteiro Lobato.
Bom, tava tudo indo bem, quando resolveram na escola primária que era hora de fazer a Primeira Comunhão.
Adentrava a sala para as aulas de religião uma freira de botar medo,ao perceber que um colega, o Wilson, podia se retirar das aulas, perguntei porquê, e descobri que para me livrar daquele castigo era só não ser católica.
Mamãe aquiesceu no primeiro ano, e também pude sair com o Wilson Bolão das aulas de religião.
No ano seguinte, não deu pra escapar, a freira era mais novinha, eu estava mas comportada, e acabei participando da festa da Primeira Comunhão, com outra turma.
Da primeira comunhão tenho a lembrança de uma foto horrível, vestida de branco, com um terço na mão e véu na cabeça, e de ter falado com o padre durante a confissão que eu não tinha pecados, coisa da qual me orgulho até hoje, as aulas de religião não foram suficientes para me induzir a culpa básica do catolicismo.
Continuei assim ignorante em termos religiosos até adulta.
Tomei consciência da minha Santa Ignorância quando perguntei inocente, já grávida, porquê daquele cestinho se chamar Moisés, levei um pito de uma prima que me contou a história do cestinho, aquela que eu deveria ter aprendido desde pequenininha.
Na faculdade estudei e me interessei pelos movimentos sociais, por Marx, Engels, Trotsky, estávamos na época das Diretas Já, e me vi cercada pelo Materialismo, me filiando a partidos, acampando, fazendo discursos sobre os direitos dos trabalhadores.
A religião estava definitivamente fora da minha vida.
Quando estava para me “casar”, meu futuro marido queria que houvesse um ritual religioso, e me levou a uma peregrinação por diversos tipos de templos, e resistindo bravamente a investida, casei-me só no civil.
Bom, não que eu fosse assim completamente alheia ao lado espiritual, ainda jovem fiz yoga e me interessava por parapsicologia,analise transcedental, tarô, runas, coisas do tipo.
Pulando uma boa parte da vida, onde Deus só participava das horas de aperto e das tradicionais idas a batizados e casamentos, só há cerca de uns seis anos, comecei a tentar entender realmente o Espiritismo. Por sorte, se sorte existisse, vim bater no Lar de Tereza, cujo objetivo e missão maior é educar as pessoas na Doutrina.
Assim, fiz o básico, os dois anos do Livro dos Espíritos e em 2010, começava o Evangelho, fiz o curso de Passes, e me senti realmente parte desta casa.

A cada aula, via que tão pouco sabia da vida de Cristo, me remoia pela minha ignorância, mas sentia que não adiantava nada me contrariar, só tinha que me aplicar mais do que os outros, e me consolava saber que ainda tinha pelo menos mais uma eternidade para aprender.
O importante é que eu já estava a caminho.
Escrevi um texto, no começo dos meus estudos, que explicava que eu tinha encontrado o meio de mergulhar no meu coração.(*)
E assim, apesar de pouquíssimo ter me livrado da ignorância, apesar de ainda pouquíssimo conhecer da vida de Jesus e do seu Evangelho, vejo minha vida ir se modificando, seus ensinamentos ecoando na minha vontade de melhorar a cada dia, posso me dizer, sem medo de estar cometendo algum erro Espírita.
Não ainda dos bons, mas tenho tido respostas de Deus ao meu empenho, e sei que estou no caminho certo, na Casa certa, no momento certo, e a cada dia meu ciração se abre para a compreensão deste Amor Infinito.
Obrigada aos espíritos de luz que me guiaram até aqui nesta caminhada.
Obrigada aos orientadores e amigos desta Casa de Luz, sempre tão compreensivos, sempre tão acolhedores.
Espero cada vez mais poder retribuir com trabalho, dedicação, e divulgação de uma boa imagem do Lar de Tereza.
Se puder ajudar a pelo menos mais uma boa alma a sair da ignorância das lições de Cristo.
Se puder ajudar as pessoas que me cercam com carinho, afeto, trabalho, caridade, dedicação e amor fraterno.
Se puder ouvir com carinho as boas intuições de tantos espíritos protetores, guardiões, amigos, e me aconselhar a cada dia que me resta desta encarnação, a cada dúvida, a cada dor, a cada turbulência, e me manter convicta e em paz com a vontade de Deus.
Terei cumprido minha missão nesta Terra, que não é grande, mas que é verdadeiramente única.
(*)vide "Meu Barquinho"

Um comentário:

  1. Os dois textos, aprendizados, transformações e objetivos são muito lindos. Parabéns Regina pela sua caminhada nessa vida! Beijo!

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