quarta-feira, 23 de março de 2011

Cadê a fada do dente?


Estou de molho por causa de um dente.
Um dente com bloco e canal tratado.
Novamente as pequenas bactérias que cismaram de rondar a minha vida sossegada, infernizam e me enlouquecem.
Como dói, dor de dente, né?
Dói a cabeça e ouvido, lateja.
Não consigo dormir.
Antobiotico, cataflan, febre, dipirona.
Comecinho de ano mais ou menos este...
Acho que querem me falar algo?
Não é possível!
Se a dor parasse talvez conseguisse refletir.
Chuvas, terremotos, tsunamis, grandes desastres lá fora.
Pequenos desastres aqui dentro.
Transformação.
Obrigada a ficar de molho em casa.
Afastada das atividades do dia-a-dia. Isolada na dor.
Tem que ter um porquê...
Ou será que não?
Fadinha,fadinha, leve a dor embora e traga outro dente, nem que seja implantado agora hehehe

sábado, 19 de março de 2011

Noite longa...Vida curta


Quanto tempo não sentes a doce ilusão do aconchego de um abraço?
Sorrisos e lágrimas se misturando nas longas noites em que o corpo supera seus limites e parece flutuar, ou nadar no suor do seu peito.
Sei que quando amanhece o sol na sua clareza me faz enxergar que a magia noturna, era apenas isso, magia.
Que a proteção de seus braços desfeita em pressa e covardia, corre pra longe de mim.
Sei, que já não me decepciono com a luz que se acende e revela corpos imperfeitos e cansados. Desiludidos pelas tantas noites tão iguais.
O batom borrado no travesseiro jogado no chão, se torna então apenas vestígio.
A olheira que me olha no espelho, dos olhos pretos de restos de rímel cegos, teimam em não se abrir e doem com a nesga de sol furando a cortina com blackout.
Recuso a levantar destes lençois amassados.
A cabeça tenta colocar as coisas em ordem aqui dentro, mas a ressaca não deixa.
Hoje aquele brilho no olhar foi substituído pela remela amarela e grudenta.
A boca sedenta de beijos está com um gosto amargo de quem ofereceu mais do que poderia.
Junte teu coração esfarrapado que foi parar debaixo da cama junto as velhas havaianas, corra para a ducha fria e lave-o bem.
Respire fundo que a vida recomeça.
Ria do seu suco de laranja, que escorre por entre os lábios e acaba de pingar no tapete.
O som dos Paralamas no rádio resume:
...
Uma noite longa
Prá uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar

E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Vida que volta ao normal, depois do Carnaval...






Todo ano parece ser assim, o ano só começa depois do Carnaval.
Este ano o recomeço é bem paupável, depois dos dias de aflição, angústia, isolamento, hospital, médicos e remédios.
Estive um tempo no hospital acompanhando o Breno.
Meningite.
Não deu tempo nem de me desesperar.
Quando vi, já estava lá, isolada do mundo. Eu e meu filho.
Só pensava, estou com crédito, em 15 anos é o primeiro susto.
Depois de dez dias, de médicos, enfermeiras, reza e estreitamento da relação mãe e filho, voltamos pra casa.
O descanso não durou muito, a baixa imunidade trouxe nova infecção. Garganta, febrão, outros médicos e outras tantas noites sem dormir.
Nem sabia que tinha tanta resistência.
Agora tudo parece um pesadelo ruim.
Hoje, quarta-feira de cinzas, pra mim, tudo são flores.
Ele já foi de manhã tomar um sol na praia para tirar o "verde-limão" (segundo ele) e se recupera à todo vapor como é esperado aos quinze anos.
Eu é quem vou precisar de um tempo maior para recuperar-me do susto e das noites mal dormidas. Mas o coração está forte e a fé mais forte ainda.
Retorno ao trabalho e a rotinazinha besta e abençoada.
Vou ver se depois vejo o "Discurso do rei", já que todos dizem que valeu o Oscar (torcia para Cisne Negro).
Novidade nenhuma dizer que engordei, nestes dias parados só me restava comer e bem que a comida do hospital podia ser ruim mas era ótima.
Nunca estive antes num hospital,só para a cesária, mas isto não conta...
Deixei uma série de sugestões para amenizar o sofrimento das mães que acompanham seus filhotes: massagens, manicure, cabelereiro...
Nunca havia entendido porque na Perinatal de Laranjeiras havia piscina,mas agora ah, como eu queria que no Rios D'Or tivesse uma, ajudaria a passar o tempo, a relaxar, a fazer exercício.
Como diz Cecília Meireles em Depois do Carnaval:
"Mas, agora que o Carnaval passou, que vamos fazer de tantos quilos de miçangas, de tantos olhos faraônicos, de tantas coroas superpostas, de tantas plumas, leques, sombrinhas...?

"Ved de quán poco valor
Son las cosas tras que andamos
Y corremos..."

dizia Jorge Manrique. E no século XV! E falando de coisas de verdade! Mas os homens gostam da ilusão. E já vão preparar o próximo Carnaval...

terça-feira, 8 de março de 2011

Momento de poesia...


Que saudades daquele silêncio imenso que você fazia,
quando lia, ao meu lado.
Podia sentir o som da respiração e saber o quão bom ou não,
estava o livro. Mesmo calado.
A presença era aconchegante e eu olhava extasiada os livros arrumados na estante, e me distraía daquilo que eu lia, já nada sabia.
Éramos dois e o cão deitado aos pés.
Éramos dois e uma multidão de personagens.
Os sonhos e realidades se misturavam sem nexo na arrumação dos seus livros de História e das estórias que se amontoavam nos romances meus.
Tarô e antropologia, astrologia e mapas antigos, fotografias e artes, arquitetura e psicologia, que variedade...
Quando lá fora fazia frio e chovia, então...era muito melhor.
Enrolados sob a mesma manta quadriculada, com uma xícara de chá ou chocolate.
Cheirinho de mato molhado,
que saudades quando lia ao seu lado.
Foi o que ficou de bom do que já passou. Da história minha que ficou pra trás sem arrependimentos.
Mas que qundo lá fora chove, e o silêncio se faz
a lembrança de volta traz.